segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O tempo da tragédia.



Estávamos atravessando o sinal e as luzes entraram para o vermelho. Mesmo assim seguimos e junto veio o barulho da frenagem...o barulho precedia uma tragédia. A moto que vinha atrás do nosso carro, já parada no sinal, foi atingida pelo carro de trás. Uma tragédia e o seu tempo. Quatro segundos foi a quantidade de tempo para aquela tragédia fatal. Quatro segundos para aquele homem...Pensei: e se ele tivesse, ao sair de casa, voltado para pegar um documento? Ou mesmo, se um amigo o parasse para lhe perguntar algo? Não teve tempo. Nessa hora o tempo era mesmo aquela tragédia. O tempo e as coisas, fugazes e transitórias escolhas. Mas temos a sensação de que nossas escolhas não são inteiramente livres. As pessoas fazem seu tempo; onde seu desejo mais latente é passar o tempo e matá-lo.O cara do carro de trás com certeza estava distraído no tempo. Acredito que possa ser o tempo que foi atender o celular. O objeto deve ter caído da mão e ele abaixou para pegá-lo. Acredito que possa ser sua mãe, namorada ou o amigo ligando para saber o porque ele ainda não havia chegado. Ali o tempo o engolia. Ali o tempo fez o seu xeque mate! Vivemos no tempo. Não se perde nem se ganha. E morremos no tempo. Naquele cruzamento não era a nossa hora. Nosso tempo era diferente rodávamos a cidade em busca de um lugar sossegado e sem muito barulho.

Assim a noite terminou com muito prazer e dor em tempos bem diferentes. A vida não tem mesmo sentido. Sabemos que vamos todos morrer. Uma questão de tempo. Tempo pra aproveitar o prazer de atravessar os dias de forma mais alegre e desassombrada. Termino com um texto de um autor que desconheço, mas é muito comum:

...”As melhores histórias jamais serão escritas... Assim como melhores momentos jamais retornarão... Por isso, quando estiveres feliz, tire o máximo de proveito desta felicidade... Pois o tempo arrastará tudo e só ficarão as lembranças! Que cada momento é único, e que o tempo não volta, todo mundo sabe... Mas há na vida aqueles momentos que além de únicos são indescritíveis, incomparáveis”.

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