quarta-feira, 13 de maio de 2009

Sobre estar só e culpado por tudo

Eu sorrio, concordo em ficar quieto dentro de casa e depois sinto a tristeza descer sobre mim. Não suporto ficar preso em casa, isso me deprime pela razão mais simples que posso relatar: porque sou um homem da cidade. Sou viciado em andar pelas ruas vendo as pessoas e o caos físico que só as cidades permitem. Agora mais do que nunca moro numa cidade que tem mar. Quero não poupar meu coração e satisfazer minhas vontades alem da razão. O que de inicio era um encantamento com toda a beleza desta cidade logo se transforma num desespero pelo vazio que sinto em mim mesmo diante de tanta plenitude. Ontem eu chorei de saudade.

Ontem me bateu dor... Uma forte dor que me jogou pra debaixo da cama. Li as cartas que os amigos me escreveram de Belo Horizonte. Era tamanha a riqueza dos detalhes de vidas contadas e vividas juntas. Senti-me de fato muito vivo. A vida passa a ter sentido quando faz partes dessa, dentre outras tantas loucuras. Amigos e nostálgicos não se cansam de me pregar às virtudes da minha Belo Horizonte. Resta matar essa saudade e acredito que a hora já esta próxima. Não perdi ainda o sono e a toda hora eu me traio com falsas verdades. Busco uma maneira de me boicotar pra não pensar em enlouquecer. Uma tentativa de negar e sobrejulgar meu destino. São minhas loucuras: aceita, compartilhada, disfarçada e dignificada, mas mesmo assim loucura. Tudo que vale a pena é pra ser vivido. Estou intenso nessa esperança de buscar ir ao fundo porque a vida é curta demais. Eu estava dentro da livraria e do nada me bateu um estranhamento, uma louca vontade de sair correndo de todos ali. Agi com uma falta de educação com minha amiga Ingrid a deixando lá sozinha. Fui guiado pelo meu olhar na saída ate em casa. Pedi ao Deus do tempo pra me dar luz, pra eu saber que o horizonte não esta distante. Fui olhando o mar... Esperando o acaso aparecer na minha vida. Parece que o amor ligou. Mas eu nem to nem ai pra ele. Não estou por uma simples falta de concentração e entendimento de tudo que me rodeia. Hoje eu quis ficar em casa, quieto, sem ler, sem ver tv, sem acessar internet, quase sem atender telefone. Hoje ficando em casa deixei a tristeza tomar conta de mim... Abaixar minha ansiedade e me levar a escrever esse texto. Não posso culpar a cidade, não posso culpar ninguém se não a mim mesmo. A culpa me encanta agora. Os olhos vidrados de dor, a alma torturada pela terrível verdade sobre si mesma. Sobre estar só e culpado por tudo.

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