domingo, 2 de outubro de 2011

Dentro do ônibus

Não sei explicar a eternidade que vivi no ônibus com uma criança branquinha de olhos de puro azul. Ela estava no colo da mãe que conversava ao lado do pai. O bebê me olhava fixamente com olhos de quem queria me  dizer alguma coisa: não sorria, não transparecia algum gesto, apenas o olhar firme. Éramos os dois naquele momento. Eu tentava olhar para o outro lado para que percebesse que não daria tal atenção e quando voltava, ainda me olhava fixamente. Comecei a ficar sem graça com aquela criança de aproximadamente 8 meses. Ela, então, me intimidava e me cobrava uma certa atenção. Novamente não sorria, não demonstrava nenhum sentimento e isso foi me deixando mais sem graça e sem ação. Aquele bebê me paralisou e me deixou sem espaço dentro daquele ônibus. Quando chegou minha vez de descer, puxei a cordinha e dei o sinal para o ônibus parar. Foi então que a criança deu um grito. Queria me dizer alguma coisa, só Deus saberá. Desci assustado com uma criança tão linda e tão austera.

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