quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

E fazer o sol nascer novamente.

Nesta noite não consegui dormi. Acordei agitado umas três vezes, aqui em Santa Tereza,Rio de Janeiro. Ao me levantar,na primeira vez tomei água, na segunda tomei um banho e na última foi pra tentar dormir na varanda. Foi uma noite inquieta, com sonhos estranhos e ao acordar, me senti vazio e farto.

Resolvi ir cedo à Praia Vermelha. Passei a manhã toda olhando livremente a paisagem tão gasta que pertence aquele lugar. Céu, sol,mar e a natureza. Tudo isso deixou  minha visão solta e sem compromisso de ter que registrar tudo. Estranho o estado de plenitude, não poderia estar pleno. É preciso um inferno na vida da gente.Algo lhe espetando para sair da zona de conforto.

Foi então que isso aconteceu bem depois do nosso papo de fim de noite. Veio com uma tempestade, uma enxurrada levando tudo, me cegando, me deixando sem chão. E tudo que queria era um chão para eu pisar, para eu me sentir seguro: queria um Porto Seguro. Minha mãe por perto, meus amigos e até mesmo uma bebida , de preferência quente para me tirar daquele quarto escuro,frio e vazio. Não quis falar.  O melhor era não dizer nada. Eu ouvi aquilo e aquilo foi tomando conta de cada parte do meu corpo. Um formigamento que começou dos pés e iria atingir minha mente. Tava subindo... Não teria mais como sorrir, mesmo o sorriso amarelo não vinha...o sorriso era agora vermelho...Não teria mais como cantarolar canções, mesmo as mais tristes canções estavam presas em minha garganta. Não teria mais como dançar, mesmo que com os pés doendo e sem sapato havia um silêncio muito grande no salão. Agora entendo aquela força que me fez ir a fila do caixa pra comprar o novo cd do Caetano. Meio que sem entender quando vi já estava com aquele produto em minhas mãos e lendo. Entrei no Rio Sul, parece, só pra comprar esse cd. Na volta pra casa, no trânsito comecei a ler trechos "estou triste, tão triste e o lugar mais frio do Rio é o meu quarto". Achei forte e fraco, pesado e leve muito poético. Mas o que não sabia que isso seria pra mim. Andei tanto ontem pelas ruas e becos do bairro de  Santa Tereza assim tateando coisas querendo encontrar alguma palavra de conforto. Encontrei uma simples e que descreve o quarto da palavra que entrei. Chama-se desconforto. Estou desconfortável, agora, no Rio de Janeiro. Não sei se fico aqui aguardando essa tempestade, mesmo com dias de sol, passar. Se fico o dia todo arrumando e desarrumando a minha mala, se saio no meio da tarde pra dar um mergulho nessas águas não tão mais gelada que minha alma. Escrevo como fuga cada palavra livremente e com a impressão de que tudo é novo e ainda sonho.  


Pensamentos soltos; 

Não entrei no mar ontem, pois a água estava muito gelada. Estranho sentir esse gelo na alma. Agora, acredito que posso entrar por estar em equilíbrio com o meio.

Me disseram que quando estiver dançando é preciso dançar, dançar até os dedos dos pés doerem. Depois você tira os sapatos e continua dançando. Não pare. Curta a música. Se deixe levar....

No novo cd do Caetano tem um canção "estou triste" que pensei ser dramática demais e muito depressiva, jamais imaginaria que seria no dia seguinte, a música tema da minha situação.

No início da tarde fugi do Rio Sul só pra resgatar aquele nosso almoço em frente a Confeitaria Colombo no centro. Quis almoçar lá por ter gostado do gosto, do espaço e pensar que aquele lugar foi escolhido por você.

Faltou luz na casa, assim que você chegou...

E eu fui enganado esse tempo todo por um monte de gente. Me tiraram apenas a verdade das coisas. 

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