domingo, 21 de dezembro de 2008

Vista cansada

Somo seres de falta.
Que todo mundo fala que fim de ano é uma correria todos sabemos...O que não sabia é que a cada ano que passa, estamos cada vez mais despreparados para viver o espírito de natal. Eu me recordei do tempo que a professora do primário me colocava pra completar traços que me levaria a algum lugar. Lembrei também que após voltar da merenda éramos todos obrigados a abaixar a cabeça e esperar a agitação do recreio passar. Pois bem, nesses tempos de primário veio as minhas aulas de paciência. Estamos achatados no eterno presente e nossa maior preocupação tende a ser com o que pode ser consumido aqui e agora.Hoje tive a paciência de andar entre uma multidão de gente em busca de presentes de natal. Hoje deixei que a moça (sociopata) furasse a fila mesmo não me pedindo. Hoje levei cotovelada, chute, esbarrão com força e sem força...Hoje ouvi pessoas gritando dentro da loja a procura dos seus (amigos,filhos,namorados) e tolerei isso. Hoje tentei trocar uma mochila de um amigo que estava rasgada e deixei a mochila na loja (de presente para a gerente) por não querer ficar discutindo com pessoas que apenas sentaram na cadeira de uma universidade. Não tem conhecimento de mundo e sensibilidade em tentar entender as pessoas. A lição dela (quando criança) foi a lição do boca de forno: O que seu mestre mandar? Fazeremos todos! E se não fizer? Levaremos bolo.(rs) Hoje fui comer num restaurante completamente lotado e com (novamente) pessoas (agora falo da zona sul) conversando alto. Somos todos animais violentos nos gestos e atitudes. Vivemos muitas experiências ao longo dos dias e anos. Mas nunca aprendemos. O cotidiano não é unívoco nem tão pouco homogêneo, ou seja, eles são cotidianos fragmentados, esfacelados e mascarados. Sinto uma falsidade tremenda. Uma banalidade no viver. Meu desejo, portanto não é afastar o banal (como Heiddeger) mas (des)banalizar o olhar para ampliar o campo da visão. Agora que fique a lição: não é olho que vê,é o córtex cerebral. Ai Saramago nos deu um presente com os escritos do ensaio sobre a cegueira. Ai John Zerzan manda outra onde ele fala que para salvarmos o mundo devemos voltar a idade da pedra. Ou que os professores continuem nos ajudando a ter mais paciência para todo esse mal. E que seja eterno enquante dure (a paciência).
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Dica de filme:
Estamira
Direção de Marcos Prado
..."Sabia que tudo o que é imaginário existe, e é, e tem? "

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