domingo, 8 de fevereiro de 2009

O medo que vale a pena sentir.


O medo generalizado está de volta. Eu tenho os meus medos. Tento ser otimista com a vida. Se chove leio um bom livro. Se faz sol dou um jeito e desço pra praia. Penso bem como F. Pessoa no que se refere ao tempo das coisas:

"Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. Ambos existem: cada um como é."

Mas e se eu lhe disser que tem gente que tem medo de ser feliz para sempre?
Procuramos o melhor emprego,ganhar dinheiro,ter filhos mas isso traz felicidade?
Claro que traz! Saber que chegamos lá sempre é motivo de orgulho e felicidade. O que é bom é buscar viver uma vida interessante. Assim damos relatividade a felicidade.

Recentemente li um texto do blog "Coisas da vida" que fala da crise da mulher de 40 anos. Patricia Carvalho nos da um presente com sua história. Ali relata a história de uma mulher que não está atrás de uma vida apenas feliz,mas de uma vida intensa, com todos os preços a pagar por ela. Parece ficção mas não é. É a vida como ela é,ainda que com todas as catástrofes naturais, a vilolência das grandes cidades, o desemprego, a rejeição amorosa temos ainda a crise de meia idade. Patricia ainda deseja algo novo de novo,não seria a vida interessante?

É preciso bucar uma vida interessante e não ter medo de nada. É nao ser sócio de um clube fechado da vida. É querer mais ...é buscar o crescimento . Daí vem o medo que é preciso sentir. Um medo "quintaniano" que antecedo o acontecimento.

Crescer assusta, ou antes a possibilidade de crescer. Mesmo sabendo que atrás da porta está a felicidade, o futuro feliz e pleno de sentido, ainda exitamos em abrir e ficamos ali atrás, parados, escutando qualquer ruído mínimo que possa dizer algo do tipo "abra agora idiota!" Felizmente, temos a nosso favor aquilo que chamam de destino, que eu prefiro chamar de acaso, mesmo sabendo que acaso definitivamente não existe. Por mais sábios, espertos, nunca conseguiremos compreender essas rasteiras que a vida insiste em nos dar e que inevitavelmente nos fazem crescer. Não fossem essas peripécias dignas de Ulisses, ficaríamos eternamente no lugar, com o rabinho entre as perninhas, vivendo nossas vidinhas regradinhas, estaveizinhas, que nos deixam muito felizes, não é mesmo? Talvez, antes de encher a boca para falar em liberdade, em felicidade, devamos falar em medo ou em como podemos ficar se continuarmos a escutar nossa própria vida atrás de uma porta.


...............................................................................

Um presente para Patrícia Carvalho:
O adolescente

A vida é tão bela que chega a dar medo.
Não o medo que paralisa e gela ,
Estátua súbita,

Mas

Esse medo fascinante e fremente de curiosidade que faz
O jovem felino seguir para a frente farejando o vento
Ao sair pela primeira vez, da gruta.
Medo que ofusca: luz!
Cumplicente,

As folhas contam-te um segredo

Velho como o mundo:
Adolescente, olha!

A vida é nova...
A vida nova e anda nua
Vestida apenas com o teu desejo!

Mário Quintana


...................................................................................................

*Blog de Patricia Carvalho:

Um comentário:

Patricia de Carvalho e Castro disse...

Ô Antonio adorei seu olhar! Na realidade ficamos tão presos a vida toda em fazer tudo tão certinho achando que a nossa verdade é a maior, aí vem a vida e nos surpreende nos coloca situações de desafios para sairmos desse mundinho tão parado e fechado. Como vamos fazer diferente ou fazer o novo esse é o desafio a descoberta. Enfrentar nossos medos, descobrir nossa força interior e deixar a coragem desabrochar! Na realidade acho que vivemos a vida com muitas crises, que vêem e vão e cada vez que superamos uma saímos mais fortalecidos. Que bom ter pessoas bacanas na nossa vida para compartilhar nossos momentos! BJs