domingo, 20 de dezembro de 2009

Como se a felicidade recolhesse a mão.


Hoje tive uma dor de ouvido. Nunca tive essa dor. Tive uma crise de histeria, a loucura tomou conta de mim a dois dias do começo do verão brasileiro. Eu não fui ao trabalho no dia fundamental de venda. Estava com um buraco na minha frente (e quase caindo nele) procurando qualquer migalha ou lasca que me devolvesse a vontade de continuar vivendo em paz.

A correria me fez pensar no momento em que estou passando: tudo é correria, não há planejamento. Me falta é tempo.

Não me preparei para o natal (ainda), nem sei onde e com quem passar. Estranho essas coisas que acontecem na vida da gente e que tiram a gente da rotina. A vida põe a gente no lugar pra chorar, de repente não há leveza nos dias em que pensamos que tudo é muito duro. Eu não consigo fazer oração pra santo algum. Vou sentindo dor e tentando ganhar dela a experiência que é necessária pra continuar levando a vida. Impossível fazer qualquer movimento com a cabeça, tudo provoca verdadeiro choque de horror, uma fisgada na mente, uma dor que chegava a loucura. Queria disfarçar essa dor, mas não conseguia. A expectativa era a chegada do momento em que encontraria a paz. A dor é de fato um momento de Guerra no corpo da gente. É uma luta.

Hoje o tempo todo ouvia um apito longo no meu ouvido. Sentia que estava gritando pra falar e perdia a paciência por conta da dor que era forte. Chegando ao hospital, ainda no balcão de atendimento apareceu um jovem de olhos bem abertos parecendo uma piscina suja, sem brilho. Ele disse exatamente assim pra atendente:
- Moça, eu usei cocaína e cerveja a noite toda, meu corpo esta formigando e preciso de atendimento rápido. Minha família esta toda vindo ai atrás e preciso de sigilo.

Pois é, acredito que somos todos assim. Cada um vai até onde consegue. Vivemos a procurar uma solução para estancar as nossas dores. Ela às vezes não passa da ilusão que criamos no outro. A gente chega ir até a beira e afrouxa, chega a pensar que não vale a pena. Recomeçamos. Um queira e não queira. Uma chuva que passa. Um bloco que arrasta. A vida não tem graça. É uma historia cheia de vírgulas e nada de ponto. Não tem fim até que venha a morte. É um viver de planejar: um passo e um gesto de atitude mundo afora. E ponto.


Vou tratar minha dor:


O tratamento requer o uso de antibióticos e analgésicos. Em dois ou três dias, a febre desaparece, mas a audição pode leva mais tempo para voltar ao normal. Se a perda auditiva não regredir, pode ser sinal de secreção retida atrás do ouvido médio, que será retirada cirurgicamente através de uma pequena incisão no tímpano .

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