A delícia de viver apareceu pra mim sobre a sombra de uma árvore. Apenas avistei de longe: era um pai com uma criança no colo a sombra de uma árvore, calor de 34 graus em Salvador. A criança (bebê) estava dormindo um sono tranqüilo, sono dos Deuses. O pai estava sereno e com uma garrafa d’água na mão. Foi então que levou a garrafa a boca e deu uma boa “golada” limpando os beiços.
Estava dentro do ônibus, observando toda extensão de mar orla a fora. Na mão o livro “Descoberta do Mundo” de Clarice, uma vontade enorme de ler e ver ao mesmo tempo. Mas seria uma traição aos meus olhos deixar de ver o horizonte em mar que avistava da janela. Parei a leitura. E só via mar...
O mar sempre está no mesmo lugar, mas sempre o vejo com novos olhares. Como os olhos de criança de Caeiro:
“Sinto- me nascido a cada momento
Para eterna novidade do mundo
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras.”
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