terça-feira, 23 de novembro de 2010

Fragmentos do cotidiano...


Uma caneca de café, uma caneta. Tento escrever sobre você mas o papel insiste em ficar branco, apenas as lembranças de tantas coisas bacana que fizemos juntos. Estou a dias me anulando para agir/ou tentar agir da forma mais sensata. Uma série de erros nessa correria da vida cotidiana que embola todos os meus pensamentos. Cansaço. Casa completamente bagunçada,assim com0 minha vida. Um vazio e um barulho. O vazio desta casa vem causando barulho em mim.

Um livro que não dá preguiça, uma música. Acordar cedo me anula como ser físico, dentro do ônibus não consigo reagir as coisas que vejo. Vou ouvindo "Senhorinha" na voz de Nana Caymmi e lendo trechos de Clarice. O espaço, ônibus+Antonio(e anulo todo o resto)+poltrona confortável+ar condicionado+livro de Clarice+ cortinas fechadas+ música de Nana Caymmi = distanciamento do mundo.Não consigo abrir sorriso à ninguém. Revoltado ao ver da fresta da janela a mesma tragédia social de sempre: ao lado do meu micro ônibus vejo outros ônibus insuportavelmente lotados de trabalhadores como se fosse a coisa mais normal do mundo. Respiro...peço a Deus paciência. Vontade zero de ir a faculdade.

Uma gole de cerveja, uma bossa na mesa ao lado. Naquela noite de domingo não foi preciso dizer nada; na mesa ao lado sambas e bossas falavam por nós. Incrível o que ocorre quando estamos juntos. Sempre haverá música,literatura,cumplicidade e satisfação intelectual que sinto quando estou contigo. Não quero procurar respostas e isso implica em lamentos futuros, não quero saber mais o que vem depois. Nem ficar escolhendo palavras, achar perdões e mais sinas.

Um quarto, uma sinusite. Esconder do dia é a coisa que mais quero, queria não estar lá fora, e não estou. As vias completamente entupidas e o afastamento social toma ainda mais força em mim. Preciso sair ao menos para trabalhar. Ganhar meu pão de cada dia. Faço parte da massa, da vida de gado. Nem sei mesmo porque comprei plano de telefonia de celular onde supostamente poderia falar por mais tempo com quem quisesse. Não sou de falar, sou de escrever.

Um caderno de notas e o mundo. Toda vez que escrevo, seja em casa ou mesmo dentro do ônibus é uma forma de sair de um beco sem saída. É um tentar dar a mão a alguma coisa e fugir ao menos por instantes do lugar comum que sempre me põe a prova. Ando tendo manhãs sem importâncias. Ando sonhando com a totalidade da vagabundagem: da preguiça,do expor ao sol, do sexo, do sono e da música.

Um olhar e um encontro. Tudo se renova em mim quando vejo o mar de algum ponto da cidade. Abro um sorriso imediato. Limito meu pensamento sou pura sensação, estou vivo e no mundo.

"Eu que não sei nada do mar descobri que não sei nada de mim"


2 comentários:

Unknown disse...

De uma admiradora secreta. Que leu seu texto pela primeira vez e ficou completamente encantada. Bom encontrar pessoas que sabem expressar seus sentimentos de uma forma tao linda e clara como vc! Parabens!

Anônimo disse...

Já não tenho medo de saber quem somos na escuridão..

Belo Texto!

=D