sexta-feira, 18 de março de 2011

Onde não há sentido parece que há vida.

Não estive longe da escrita esses meses todos, passei a escrever em papel de oficio.

Tenho lido muita coisa do Pondé e outras tantas situações sobre a questão do negro no Brasil. Mas é sempre complicado falar do negro, mesmo porque sinto que estou justificando uma realidade que me é maquiada. Vem morrendo mais negros no Brasil do que brancos e disso quero falar em outra oportunidade. Também escrevi sobre uma moça linda que desceu comigo no elevador e deixou seu perfume no meu dia de domingo. Tudo isso no papel, com xícaras de café e música!

Nunca vou deixar de escrever algo que seja para compensar essa minha existência estranha. Essa minha postura constrangida que sempre tenho com a vida. O que me ofende às vezes é essa minha pretensão de escrever sem saber, essa tentativa frustrada de transpor por papel aquilo que sinto e me deixa deslocado. Considero-me uma pessoa firme e com muita preguiça daquilo que não me sensibiliza... Uma vez não gostando eu simplesmente me recuso estar em contato com aquilo. Seria uma covardia? Já tentei fazer terapias para resolver... Justiça é estar perto daquilo que lhe faz bem e que de certa forma contribui para a sua existência. Acho estranho, essa fuga que tenho com as coisas que me chateiam. Distância nem sempre é solução dos problemas, mas sinceramente não fico remoendo nada. Nunca achei justo eu ficar horas pensando em algo que não me eleva espiritualmente e não traz a graça de viver. Nunca gostei da rotina de pensamento. É sempre bom pensar, desenvolver o raciocínio e deixar a frase solta. A frase deve ser lançada no ar e atingir alguém em alguma hora em um canto qualquer. Ela deixa de ter dono. Fazem uso e desuso... A escrita sempre fica pra posteridade...

Hoje quis escrever, mas a preguiça venceu. Ao acordar queria relatar o dia cinza, o reflexo dele na face das pessoas na rua. Neste dia que não prometia nada, coloquei uma roupa bonita pra ir ao médico, me preparei com alguém que se prepara para uma grande festa. Saindo do consultório fui encontrar com um amigo na praia. Queria convidá-lo a pintar a parede da minha casa de diversas cores. Queria afrontar Deus e mesmo num dia cinza colocar cor ao menos que fosse à minha vida sem graça... Ele não estava na praia, voltei desesperançado. A minha condição era essa, de ficar trancado em casa, com o nariz entupido, sem ver ninguém buscando a cura desse mal de sinusite. Mesmo em casa travei uma luta vã com várias formigas que queriam roubar meu espaço. Daí, voltei a pensar nesta minha condição: de travar uma guerra com esses insetos em plena noite de sexta feira proferindo falas de desordem, palavrões pesados. O que revela é que onde não há sentido parece que há vida. E sempre por trás desse meu riso com ela haverá um bocadinho de lágrimas.

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