segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sobre o nada eu tenho profundidades



Um esforço danado pra não fazer as mesmas coisas todos os dias. Estranho foi o modo como a nossa relação (namoro) chegou ao fim, nos tornamos grandes amigos, agora me empresta uma série de favores, tais como empréstimos em dinheiro, saídas para conversar sobre o sentindo que ambos não encontraram na vida, indicação de um livro novo e interessante etc. Tudo indica, portanto, que seremos cada vez mais amigos, mais do que eu possa imaginar. E toda historia de amor que vivemos, agora, esta presa em textos antigos, guardada nas entrelinhas de uma canção de Gadú, lembrada na intimidade de um dia de chuva e o resultado disso é que a distância soma a gente para menos.
Será que faltou delicadeza para amar? Se a culpa é toda sua e você admite isso, o que me resta esperar? Não sei... nada sei; o que sei é que fui tomado pela tristeza.
Tristeza por não ter descoberto que tudo que passamos juntos não tinha nada demais, que não escolhi por prazer, por aspiração inquieta de viver tudo, mas que essas coisas todas eram a condição fundamental e casual das nossas vidas. E que foi resultado preciso da vida amorosa que viria dali para diante. Fizemos um esforço danado para não fazermos as mesmas coisas todos os dias.
Literalmente falando há dois Antônios: um apaixonado por falação, outro por lirismo; um por vôos de águias, outro que precisa do chão; um que admira as sonoridades das frases, dos grandes poemas, das letras de músicas e outro que sente que a vida fica cada vez menos poética, no silêncio escondido e longe de tudo. Antônio que cava e procura uma verdade e um sentido para tudo, que gosta de apresentar o pequeno fato como um grande fato e o que tem a necessidade de fazer sentir quase materialmente o que ele reproduz em palavras. Dois “Antonios” que têm feito um esforço danado para não falarem as mesmas coisas todos os dias.
Queria sair agora, dar um mergulho no mar e voltar com a razão disso tudo, queria abrir um livro (desses tantos, meu Deus que tenho aqui em casa) e encontrar a resposta, ir a padaria e ouvir da moça do caixa a frase perfeita para acabar de vez com essa minha angustia de tentar entender que resultado é esse que deixamos acontecer. Apenas uma inteira dúvida que embaraça minha satisfação. Como nos grandes filmes, a procura por um final feliz, arrebatador... aquele momento chave de descobertas, onde se chega a conclusão de que tudo foi um grande erro, de que apesar dos tropeços (grandes tropeços) não podemos viver um longe do outro, mesmo com toda essa incompatibilidade de existência em relação ao outro. Vale a troca a doação, o cuidado que temos nessa reaproximação. E quanto a procura...
Essa procura toda pra que?
Valha- me de Drummond agora:
“Sei lá. O melhor é não procurar muito. Tragam pacotinhos vazios. A paz deve estar lá dentro.”

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