sexta-feira, 3 de junho de 2011

Um telefone na mão e mil idéias na cabeça.

Eu tenho um telefone na mão e mil idéias na cabeça. Melhor ser direto, tenho apenas um telefone na mão. Não é bom ter idéias na cabeça e nem ficar se contorcendo para saber de que maneira irá acontecer: se vai ser numa noite com o melhor jantar ou o melhor champanhe com a melhor música. Se vai ser como um bom roteiro de filmes hollywoodianos, se vamos projetar aquilo que sempre desejamos numa única pessoa como um bom roteiro de filmes agora não mais hollywoodianos e sim Frances.

Aconteceu nessa manhã num bate papo com Gabi, uma amiga mineira que tenho. Amiga assim do nada, porque a gente se entende demais do nosso estranho jeito. Uma boa conversa logo nesta manhã. Falamos, sobre o nosso egoísmo em usar as pessoas dentro da nossa perspectiva, como chiclete que se mastiga até “dar conta” e depois ficamos num impasse: cuspir ou engolir, porque até quando vou ficar nessa de mastigar "uma coisa" que já perdeu o gosto bom? Comentei que ontem uma jovem parou o carro desgovernadamente em minha frente para chorar e dizia apenas que o namorado havia terminado com ela após 6 meses de relacionamento. Eu poderia tecer um belo texto desta minha conversa com Gabi, mas achei necessário colocar tudo sem cortes. Sem ceninha de filmes, ou como que seja como um daqueles bons filmes na linha Tarantino como em Cães de Aluguel ( só veio esse agora) em que há cenas longas muito boas sem cortes. Abaixo a longa conversa:

Antonio diz:

*e a gente vai levando

*e a gente vai levando

*essa chama!

*mesmo com toda...

*com toda...

Gaby diz:

*....

*Como posso dizer

*tenho pensando muito

*nesses seus sentimentos

*ela habita muitas pessoas...

Antonio diz:

*existe a incompetência para amar

*para se doar

*para ser generoso, paciente com o outro.

*amar não é pra qualquer um...

*a nossa reação é levar...

*a gente não tem cura, pra quem sofre disso.

Gaby diz:

*E vc sabe que já tem um grupo para se curar

*em viciados em amor

*No amor dos primeiros meses

*Não sou volúvel

Antonio diz:

*Mesmo com o todavia, com todo dia

Com todo ia, todo não ia

Gaby diz:

*sou dependente e egoista

*Como diria Djavan

*Estamos todos jurados

... diz:

*mas tem um um amar assim

*a gente se projeta no outro

*até ele dar conta

*quando ele não der mais conta

*não dá tbm pra gente

Gaby diz:

*verdade

Antonio diz:

*mas "esse dar" conta é dentro da nossa persepctiva não dele.

*ele recebe essa conta.

Gaby diz:

*Sera que não poderia se mais simplicado ou perderia a graça?

*Ai Antonio essas questoes vem me atormentando tanto

*aparece que vc advinhou né?

Antonio diz:

*mas ataca todo mundo

*parece tempo de...

*como tem hora que todo mundo ta gripado

*tem hora que todo mundo entra em crise alergica

*tem momento que o tempo muda e ataca a gente

*muda a cor

Gaby diz:

*Verdade

*As viroses são varias

*rs

Antonio diz:

*ontem eu andando na rua um carra estacionou meu forte perto de mim...

*achei estranho

*a moça parou e começou a chorar.

*nem baixar os vidros pra ela chorar em solidão houve o tempo

*eu fiquei sem reação

*pq ela parou bem na minha frente

*o namorado ligou e terminou com ela por telefone, com ela dirigindo

Gaby diz:

*Que triste

Antonio diz:

**ontem eu andando na rua e um CARRO estacionou BEM forte.

*daí...ela apenas chorava e dizia, como pode isso?

*como pode?

*pensei meu Deus isso é muito triste.

*fui radical: pensei num chiclete que alguém usa...usa até perder o gosto ( o gosto novamente digo, da perspectiva de quem mastiga) lembra?

*pra mim não dá mais.

Gaby diz:

*sim claro

Antonio diz:

*não guento mais te mastigar

*daí olha que coisa que me veio agora...

*ou vc engoli aquilo

*ou cospe!

*gente!

*é isso!

*ficar mastigando aquilo até quando?

Gaby diz:

*Até quando? Verdade

Antonio diz:

*o mundo dispõe de milhares de chicletes novos de vários sabores ...

*volto a falar gaybis...somos humanos

*precisamos ser competentes

*para amar

Gaby diz:

*Eu tenho varais teorias

Antonio diz:

*é isso, eu apenas vou levando...

Gaby diz:

*Eu simplesmente sou totalmente vitima de Holywood (se assim que se escreve)

*Vivi sempre querendo vivenciar as mesmas cenas

*as mesma trilha sonora

*O mesmo cara

*o mesmo cenario

*e sofro pq tudo e muito hollywoodiano

*Acho que varias pessoas sofrem disso

*Muito antes dos sonhos feitos

*desses sonhos enlatados

*Eramos mais tolerantes

*Viviamos os nossos proprios roteiros

*eramos mais tolerantes

Antonio diz:

*que bom papo

*assim logo cedo

Gaby diz:

*Precisa disso

*vc me entende profundamente

*profundamente

*precisava disso

*Esses dias minha mãe me disse uma coisa muito sabia

Antonio diz:

*o que foi?

Gaby diz:

*Que somos muito covardes

*Que na época dela ninguém ia embora na 1ª briga

*tinha a necessidade de ficar

*nenhuma mulher deixava o lar

*ate porque não tinha p onde ir

*a independência nos da o direito de sair e bater a porta

*e o homem de virar e deixar seu lar

*fiquei pensando nisso

Antonio diz:

*Porra gabi vc vai me achar um xarope mas eu vou soltar isso em vc

*é aquela história do mergulho de cabeça

Gaby diz:

*solta

Antonio diz:

*antes o povo mergulhava mesmo

Gaby diz:

*verdade

Antonio diz:

*um pulo na relação

*ia lá embaixo descobrir as maravilhas

*no fundo sempre tem um mistério

*coisas novas pra se descobrir da pessoa

Gaby diz:

*Exatamente

Antonio diz:

*coração nem tem fundo, é tão raso, mas a gente sempre acha o fundo

*no fundo do fundo

*só que o que vem acontecendo

*tem gente que não larga da beira , da borda

*fica ali com medo de se soltar

*outros nem entram

*já tem medo ate de entrar na água

*relação precisa ir a fundo

*e a paciência gente

*GABI ISSO TUDO PARTE DO SISTEMA+ NÓS

*o que o mundo tem feito da gente pq somos produtos dele

*tudo muito rápido

*ipad

*ipod

*wireless

*as tribos de hoje

Gaby diz:

*Penso como ja dizia a sabia Clarice

*estamos todos cheios de urgencias

*essas urgencias não nos permite aprofundar

*o que é urgente não tem tempo

*Ela ja sabia disso

*dessas urgencias

*Sou composta por urgências

minhas alegrias são intensas

minhas tristezas, absolutas.

Me entupo de ausências,

me esvazio de excessos.

Eu não caibo no estreito,

eu só vivo nos extremos.

Eu caminho, desequilibrada,

em cima de uma linha tênue

entre a lucidez e a loucura.

De ter amigos eu gosto

porque preciso de ajuda pra sentir,

embora quem se relacione comigo

saiba que é por conta-própria e auto-risco.

O que tenho de mais obscuro,

é o que me ilumina.

E a minha lucidez é que é perigosa ...

Se eu pudesse me resumir,

diria que sou irremediável!

*Essa é a pura verdade

Antonio diz:
*quando entra clarice dou uma pausa
*pra mim encerra o assunto.
*ela me violenta demais Gabi, é isso.
Gaby diz:
*Eu senti isso

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