terça-feira, 20 de setembro de 2011

Tem que sobrar pra mais gente...vamos andar pra frente!

Acabei de queimar o feijão. É que estou voando demais no tempo, nas coisas, nos deveres. Eu precisava tanto de um tempo só meu, por uns segundos tentar não pensar em nada por fazer.

Também ando muito sensível as coisas que acontecem ao meu redor: domingo voltando da praia quase chorei ao ver uma senhora humildemente mal vestida tentando ganhar atenção as vendedoras da lanchonete. Fiquei extremamente triste ao perceber o quanto somos idiotas uns com os outros e que por mais educação que esse país possa ter nunca vamos chegar ao conceito mínimo de cidadania e respeito aos idosos. A senhora era uma idosa apenas querendo se alimentar. Ela não me pediu dinheiro, muito menos salgados de graça a ninguém. Apenas pegou uma sacolinha com moedas no saco e contou pra ver se daria a quantia necessária para comprar o salgado.

Pausa: ela tinha um olhar e uma humildade forte na alma... Era de uma simplicidade que serei impotente ao transcrever aqui. Mas era um olhar leve, a roupa e o saco não a deixavam mais pesada por conta do olhar que sustentava... Uma serenidade que só consigo ver nos idosos. Delicada e forte.

Depois foi até a banca com frutas e tentou olhar o preço, não percebendo voltou ao balcão com os salgados, mas foi expelida por jovens que chegaram afoitos querendo água de coco. Ela não queria só comida, queria muito mais. Assistia aquilo tudo na intenção de permitir que alguém realizasse algo solidário para aquela senhora. Sempre acabo agindo pelo reflexo de ser gentil, contudo ultimamente ando deixando alguém fazer, apenas para mensurar o grau de cegueira dos que estão a minha volta. Inacreditável o que ando percebendo e acima de tudo triste. Aquele sentimento, aquele meu silêncio junto com aquele silencio daquela senhora jamais vou conseguir transmitir aqui nesse texto. Acabei chorando na frente de Amanda, era para ser um domingo de praia e sol, ainda caberia um filme mais tarde. Acabei sendo eu mesmo naquele domingo. Dei a atenção e o cuidado que aquela senhora necessitava. E o domingo acabou e começou ali pra mim. A gente quer durar e quer crescer e luzir.

Vou jogar farinha nesse feijão e reaproveitá-lo, paira em minha refeição o sentimento de prazer e revolta de fazer parte desse mundo. Eu e aquela senhora fomos eternos um para o outro naquele instante, pelo silêncio, pelo olhar, pelo estar no mesmo plano juntos.

Sei lá as vezes a gente surta, nem era pra eu escrever nada mais que a palavra revolta e resignação aqui nesta página.

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