terça-feira, 29 de maio de 2012

O tempo, a tarde e a poesia todos trancados nesse apartamento.

As horas não passam, estão presas dentro desse apartamento. Eu tô aqui meio torto ouvindo o barulho da chuva. Pra que embale meu dia com pingos que batam forte nas folhas da castanheira, na grama e no chão. Hoje tomei vários cafés e sinto o gosto acinzentado do dia depois que você saiu de Salvador. Tem livros seus ainda na estante, tem tempo que não escrevo e to um tanto sem jeito com a escrita. Não posso chamar isso aqui de escrita. To escrevendo meio solto,  meio desajeitado, como um cara  tonto que ronda a cidade a procura do caminho para voltar pra casa.

Fui até a janela da sala para olhar pra fora. Buscar algo que me desperte lá fora. Olho os pingos que batem na janela, ouço o som da chuva. Avisto um livro da Cecília Meireles na estante e comecei a ler. Começo então  a sentir uma nova cor no dia, um novo gosto da palavra, veio o cheiro da chuva, a imagem de balões coloridos mesmo com o dia nublado, ouvi músicas que fazem os olhos brilhar.

Nessa tarde chuvosa a felicidade entrou no apartamento me levando a delicadeza de sentir tudo ao mesmo tempo tranquilamente. Dentro das doces palavras de Cecília Meireles. Depois acabei indo dormir e sonhei contigo. Foi um sonho bonito. Eu sei por que você sorria assim, do seu jeito lindo.

"Aqui está minha herança este mar solitário que de um lado era amor e, do outro, esquecimento"

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