Hoje tentei ser legal comigo. Tomei um banho demorado.
Fiz café de coador. Esquentei os pães no micro ondas, coisa que quase não faço.
Tomei suco de laranja. Tentei cuidar de uma dor que venho suportando há dias indo cedo ao centro de saúde, mas nada lá tava funcionando.. Deus sabe das coisas,
quem sou eu para lhe dizer o que fazer da minha vida. Sofro quieto de dores de tantos
amores que nem sei mais lidar com isso. Dói,
tudo dói. Nasci, crescer e morei nessa saudade. Sofro kilometros, sem vantagens.
Fiquei em casa me enchendo de mimos, um livro de poesias na
mão, uma doce música na voz de Mônica Salmaso, xícara de café, chamego do meu cachorro,
filmes do Almodóvar selecionados pra mais tarde. Chove. Esparramo alegrias e
escrevo sobre essa vontade que não passa. Essa vontade de lhe ver lentamente e
que sempre me deixa fora do ar. Essa forma que arrumei de me matar. Sou meu
próprio bandido.
Hoje escovei melhor os dentes, passei fio lentamente. Hoje
toquei no meu rosto ao passar creme, mexi no meu cabelo, fiz carinho no meu
pau. Gozei melhor as coisas simples do dia a dia. Hoje não fiquei refém dos
ponteiros do relógio.
Estou tentando curar a ferida que você deixou; e na sutileza que tua crueldade insiste em querer que sangre. Diz me querer bem, mas sei que
não faço o seu tipo. Sua alegria e ver o sangue escorrer por entre músicas,
poemas e fotografias.
Teria uma canção cafona para lhe oferecer. Cansei de lhe
oferecer Chico, Caetano, Lenine, Camelo,
Milton... As músicas de Elza e Bethânia. A canção é de um jovem cantor sertanejo, fala de um amor
que sobreviveu, mesmo ela tendo feito a escolha de ficar com outro cara. E ele
fica esperando, mesmo velho e gagá.
O amor existe nessa espera, nessa ausência, nessa vontade. O
verdadeiro amor de repente acaba, quando se descobre que ele não foi inventando.
Ele é realidade em poesia. Ele é o olhar mais de perto seguido do doce sorriso.
Vou estar te esperando enquanto brinco com os meus
brinquedos.
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