Ele estava dentro da loja de biscoitos comprando suspiros. Eu caminhava pela Savassi carregando um livro da Simone de Beauvoir sobre velhice e um entusiasmo diante do meu mais novo romance de Thomas Mann: A morte em Veneza. Estava ali flanando a procura do último livro da Adélia "Miserere" e não tive sucesso. Aliás, acabei pelo acaso tendo:
Um saco cheio de suspiros.
Um doce e inesperado abraço.
Convidei o para andar até a praça da Liberdade, assim como no primeiro capitulo do romance de Thomas Mann, mostrei me grato, causando a ele alguma felicidade com a sua aproximação, mas também algum pesar por ciúmes, desilusão, e pelo esforço inútil para conseguir estabelecer uma comunhão espiritual.
Li agora uma coisa maravilhosa, algo magnífico:
“Ele era mais bonito do que as palavras podiam exprimir, e Aschenbach (o homem de meia-idade) sentiu dolorosamente, como tantas vezes antes, que a linguagem pode apenas louvar, mas não reproduzir, a beleza que toca os sentidos. (...) Tadzio (o rapaz polaco) sorriu; (...) E recostando-se, com os braços caídos, transbordando de emoção, tremendo repetidamente, segredou a formulação tradicional do desejo - impossível, absurda, abjecta, idiota mas sagrada, e mesmo neste caso honrada: "Amo-te!" _ Thomas Mann
Estou ainda suspirando leve...
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