terça-feira, 12 de abril de 2011

Ando tão reticências...


Livraria Cultura de Salvador, tão sofisticado o sorriso besta que carrego na cara toda vez que entro neste espaço. A esperança de encontrar uma porta, uma ponte, uma corda que me transporte para o outro lado quando entro em livrarias é mais sólido do que os caminhos que tento encontrar na bebida. Beber é mágico, tudo fica azul, tudo fica alegre, tudo é sociabilidade, todos são lindos e sorridentes, aliviados por terem em mãos a fórmula de aniquilar problemas da vida. Mas livros são planetas habitados por poucos, a onda é bem mais instigante, reveladora, sem dúvida um chão gostoso de pisar e de se deixar ser levado e digamos que com conseqüências bem mais proveitosas que o terreno da bebida. Nessa tarde de segunda me permiti um escape para à inércia de vida estressante em que vivo atualmente.

Não quero escrever mais adjetivos sobre a possibilidade de encontrar um chão novo nessa minha existência. Acredito que os escritores quando escrevem buscam outro mundo, outro chão e, melhor chão, para pisar. E penso sobre isso, sobre essa idéia de ter o mundo aos meus pés ( me recordo agora de um livro escasso de Ana Cristina Cesar que tem justamente o título: “aos teus pés”). Voltemos a conclusão: todo mundo pode ter o mundo aos teus pés, contudo poucos vão deixar marcas profundas e serão pessoas formadoras de opinião nesse mundo, escritores deixam pegadas no mundo, pra mim todo escritor é alguém em destaque e ao mesmo tempo um ninguém solitário de ficar fins de semana preso em pensamentos e apartamentos.

Adoraria ser um Dândi, cismei com isso. Pelo menos tentarei isso, mesmo vivendo numa cidade quente como Salvador, mas sempre achei muito chic homens nobres e largados na modernidade vivendo como os nobres do século XVII. Pois bem li uma matéria sobre esse estilo na Folha e logo depois descobri que isso foi um movimento com escritores como Oscar Wilde, Baudelaire e também um escritor brasileiro que gosto muito chamado João do Rio. Alias sempre que leio João do Rio penso que posso pegar o papel e sair escrevendo sobre os costumes da cidade e da boemia que existe nas madrugadas. A gente lê e acredita que pode fazer o mesmo. Tolice essa minha vida de pretenso, sou tão babaca por isso, tão reticência... E o que não assumi ao escrever essas linhas é que fui a livraria justamente para comprar o Manual do dândi, a vida com estilo. Encontrei e pra minha surpresa no mesmo dia em que começo a lê-lo estreou uma novela de época (a trama mostra o encantamento da realeza europeia edo outro, as lendas heróicas do sertão brasileiro),onde o figurino é meio dândi, entrei no taxi voltando pra casa e o taxista se chamava Dandi... seria mais uma dessas tantas coincidências que o acaso me expões a cara?

Um bom café muda completamente tudo; tomando o café comecei a pensar em algumas manias que ando adquirindo; uma por exemplo é de fixar o olhar e esvaziar a mente quando desço de elevadores e escadas rolantes. Fico completamente longe do espaço físico e me coloco em outro planeta, não ouço ninguém e nem vejo ninguém... fico no módulo fora do ar. Sempre acho que shoppings Center são lugares abarrotados de pessoinhas coisa qualquer: seres procurando ser alguma coisa, pelo poder de compra. Adoro livrarias em ruas, ou em praças , sonho seria uma livraria a beira mar...Poxa, existe? Se alguém souber, por favor, deixe o endereço que faço questão de me presentear.

Literatura, café e mar completariam a idéia de estar do outro lado, inspirado para continuar escrevendo essas abobrinhas sobre a vida. Satisfação é viver assim,justamente assim: pisando em outro espaço se enchendo de sabor e azul.

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