terça-feira, 18 de setembro de 2012

O mal gosto de um agosto


Numa manhã de agosto acordei e ao me olhar no espelho não havia nada refletido do outro lado...

Agosto passou contra o meu gosto. A chutes , gritos e socos. Foi uma luta que travei contra esse tempo que me prendeu impossibilitando de ver a esperança que existe no dia a dia. Sim, procurei em todo canto de terra e de mar, procurei na estante, nos livros, nas salas de cinema, no show de Maria Bethânia , procurei nos cafés no meio da tarde, nesse novo cd que também fala de amor de Marisa Monte. Tentei encontrá-la em uma manhã que fugi da minha rotina atrás de um exemplar de Julio Cortázar [Divertimento]. Preparei a casa pra ela entrar, limpei gavetas, comprei incensos de alecrim, comprei canetas de todas as cores. Tudo completamente em vão. Agosto foi o mês do cão. Eu me deparava com as pessoas e não tinha  aquela ligação harmoniosa. As pessoas estavam desalinhadas com minhas idéias e meus pensamentos. Os fatos? Ah...Os fatos não se batiam com minhas idéias. Eram cruéis de fato. Não havia exatamente o que esperar quando tudo e nada seria possível. Tudo seria muita coisa e o nada era a certeza. Se me dizem, então, que as probabilidades para certos acontecimentos são restritas, irrisórias, irreais, eu respondo que não acredito em probabilidades, estava sentado a espera de um milagre. Perdi até a minha doce mania de me "fazer de conta"... 

Logo eu que tenho a criatividade de enfeitar  as pessoas  pra entrarem  no meu universo particular. Eu que tenho essa necessidade de fantasiar as coisas e criar possibilidades nesse meu mundo fantástico de Bobby.Deixei qualquer pessoa entrar, mesmo sem maquiagem, mesmo sem fantasia...

 Em agosto tudo foi dura realidade, não teve palhaços, nem circo, nem música que me fizesse acreditar em cores, amores e sabores. Agosto tentou me colocar pra fora do jogo...Tive um orgulho danado de mim por consegui viver cada dia de agosto, suportando todas as pedras e agruras que ele lançou em minha vida. Estamos em setembro, já já vem a primavera mudando a cor desse borrão que agosto deixou em mim. Eu realmente morri... ou renasci, sei lá...

 


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