O mal gosto de um agosto
Numa manhã de agosto acordei e ao me olhar no
espelho não havia nada refletido do outro lado...
Agosto passou contra o meu gosto. A chutes , gritos e socos. Foi uma luta que travei
contra esse tempo que me prendeu impossibilitando de ver a esperança que
existe no dia a dia. Sim, procurei em todo canto de terra e de mar, procurei na
estante, nos livros, nas salas de cinema, no show de Maria Bethânia , procurei nos cafés no meio da tarde, nesse
novo cd que também fala de amor de Marisa Monte. Tentei encontrá-la em uma manhã que fugi da minha rotina atrás de um exemplar de Julio Cortázar [Divertimento].
Preparei a casa pra ela entrar, limpei gavetas, comprei incensos de alecrim,
comprei canetas de todas as cores. Tudo completamente em vão. Agosto foi o mês
do cão. Eu me deparava com as pessoas e não tinha aquela ligação harmoniosa. As pessoas estavam
desalinhadas com minhas idéias e meus pensamentos. Os fatos? Ah...Os fatos não
se batiam com minhas idéias. Eram cruéis de fato.
Não havia exatamente o que esperar quando
tudo e nada seria possível. Tudo seria muita coisa e o nada era a certeza. Se me dizem, então, que as
probabilidades para certos acontecimentos são restritas, irrisórias, irreais,
eu respondo que não acredito em probabilidades, estava sentado a espera de
um milagre. Perdi até a minha doce mania de me "fazer de conta"...
Logo eu que
tenho a criatividade de enfeitar as
pessoas pra entrarem no meu universo particular. Eu que tenho essa necessidade de
fantasiar as coisas e criar possibilidades nesse meu mundo fantástico de Bobby.Deixei qualquer pessoa entrar, mesmo sem maquiagem, mesmo sem fantasia...
Em agosto tudo foi dura realidade, não teve palhaços, nem circo, nem música que
me fizesse acreditar em cores, amores e sabores. Agosto tentou me colocar pra
fora do jogo...Tive um orgulho danado de mim por consegui viver cada dia de
agosto, suportando todas as pedras e agruras que ele lançou em minha vida. Estamos
em setembro, já já vem a primavera mudando a cor desse borrão que agosto deixou
em mim. Eu realmente morri... ou renasci, sei lá...
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